sábado, 18 de outubro de 2008

Acordar, Viver.


Acordar, Viver!

Como acordar sem sofrimento?
Recomeçar sem horror?
O sono transportou-me
àquele reino onde não existe vida
e eu quedo inerte sem paixão.

Como repetir, dia seguinte após dia seguinte,
a fábula inconclusa,
suportar a semelhança das coisas ásperas
de amanhã com as coisas ásperas de hoje?

Como proteger-me das feridas
que rasga em mim o acontecimento,
qualquer acontecimento
que lembra a Terra e sua púrpura
demente?
E mais aquela ferida que me inflijo
a cada hora, algoz
do inocente que não sou?

Ninguém responde, a vida é pétrea.

Carlos Drummond de Andrade

Um comentário:

Conde Vlad Drakuléa disse...

Eu respondo e te abraço apertado, te protegendo da Terra com minhas super asas de morcegão!!! Beijo e carinho, estamos aí!